Preso sob acusação de assédio sexual em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Cuiabá, o médico e advogado Ruy de Souza Gonçalves, de 67 anos, possui um histórico repleto de polêmicas e controvérsias.
Em novembro de 2002, o Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) instaurou um processo ético-profissional contra ele, após a publicação de uma matéria jornalística intitulada “Médico Cuiabano tem a cura para vitiligo”. Em maio de 2022, a punição do CRM foi anulada.
Além disso, ele acumula duas demissões: uma em 2015, durante a gestão do então prefeito Mauro Mendes, após auditoria apontar que, em 311 dias de trabalho, Ruy faltou por 172 dias. O médico justificou que havia sido contratado para trabalhar 20 horas semanais e não 40 horas, como alegava a administração pública.
Em 2023, ele foi demitido do Hospital Estadual Santa Casa por insubordinação, mas conseguiu reverter judicialmente a decisão. Durante o período afastado, foi flagrado por câmeras de segurança tentando entrar na unidade hospitalar disfarçado, usando máscara e touca.
Ainda em novembro de 2023, o médico teve a prisão decretada pela juíza Maria Rosi de Meira Borba, do Juizado Especial Criminal Unificado de Cuiabá, por descumprir medidas cautelares que impediam sua aproximação da diretora do Hospital Estadual Santa Casa. A vítima havia o acusado de importunação e ameaça, e a Justiça entendeu que sua liberdade representava risco à integridade física e psíquica da vítima.
Na sua atuação como advogado, Ruy também protagonizou incidentes. Em 2017, invadiu o gabinete da juíza Ana Paula da Veiga Carlota Miranda, da 10ª Vara Cível de Cuiabá, para contestar uma decisão desfavorável em um processo no qual ele se auto-representava. Em 2028, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso acionou a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Ministério Público Estadual (MPE) após ele tumultuar uma sessão do Pleno e proferir palavras ofensivas contra desembargadores.
O caso de assédio
Na manhã de segunda-feira, Gonçalves foi preso dentro da UPA do Pascoal Ramos, após ser gravado assediando uma paciente de 32 anos, a quem pediu um “beijinho”. Durante o atendimento, o médico e a paciente tiveram o seguinte diálogo:
Gonçalves: Esse hemograma deve ficar pronto à tarde.
Paciente: Aham.
Gonçalves: E aqui o atestado de cinco dias, tá?
Paciente: Tá.
Gonçalves: Agora dá um beijinho em mim, dá? Me dá um beijinho.
Paciente: Não, não dá, né!
Gonçalves: Vem, vem!
Paciente: Não, não!
Gonçalves: Dá sim!
Paciente: Não, não!
Gonçalves: Dá sim, dá sim, dá sim!
Paciente: Vamos parar!
Após ser preso, ele passou por uma audiência de custódia e foi solto. O caso segue sendo investigado.