O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), deputado estadual Max Russi (PSB), avaliou como “grave” e “bom” o resultado do exame de balística que apontou que a arma usada no assassinato do advogado Renato Nery pertencia ao Estado. O parlamentar destacou que não se deve “passar pano” para quem estiver envolvido no caso, independentemente de sua posição ou classe profissional.
A declaração foi dada durante coletiva à imprensa nesta sexta-feira (6), após os desdobramentos da Operação Office Crimes – A Outra Face, que investiga o assassinato do ex-presidente da OAB-MT, ocorrido em julho de 2023.
“Muito grave por um lado e bom por outro. Bom por quê? Porque está chegando aos mandantes, a elucidação desse caso. Eu fico feliz, pois Polícia Civil apresenta solução em 90% dos crimes investigados. Confesso que esse crime basicamente me preocupava bastante. […] É um crime que já tinha um tempo e a sociedade queria uma solução. Eu fico feliz de ver os órgãos de segurança, a polícia atuando, chegando muito próximo dos mandantes”, declarou Russi.
O parlamentar reforçou que as investigações devem prosseguir até chegar ao mandante do crime, independentemente de quem seja.
“Outro fator positivo, não tá passando pano para ninguém, ou seja, tem que cortar dentro da carne, tem que cortar, é policial, tem que cortar, é político, tem que cortar, onde tiver gente envolvida com o que não é lícito, a gente tem que procurar e a Justiça tá aí para atuar, executar e a justiça ser feita”, complementou.
Sobre a exoneração do cabo Wailson Alesandro Medeiros Ramos, ex-segurança do governador Mauro Mendes e um dos investigados, Russi afirmou que a pergunta sobre o motivo da exoneração deve ser direcionada à Casa Civil.
“Qual que é o motivo da exoneração? Eu particularmente não sei. Sobre os servidores da Assembleia eu sei os motivos. Agora, um servidor do Estado, um dia antes ou 10 dias antes, qual o motivo? Particularmente, eu não tenho conhecimento do motivo da exoneração dele. Eu acho que o secretário-chefe da Casa Civil pode dar essa explicação melhor”, concluiu.
Detalhes do caso
A perícia técnica confirmou que os projéteis retirados do corpo de Renato Nery são oriundos da Polícia Militar de Mato Grosso, especificamente de um lote destinado ao Batalhão de Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam). A pistola Glock, também pertencente às forças de segurança do Estado, foi usada pelo executor e entregue por policiais militares da Rotam seis dias após o crime, durante uma ocorrência de suposto confronto.
Quatro policiais militares envolvidos no caso foram presos na quinta-feira (6). Eles são acusados de implantar a arma na cena do suposto confronto, atribuindo sua propriedade às vítimas da ocorrência. Um dos investigados, Heron Teixeira Pena Vieira, que atuava no setor de inteligência do Rotam, havia alugado uma chácara onde ocorreu o confronto.
O assassinato
Renato Gomes Nery, de 72 anos, foi morto a tiros em frente ao seu escritório, em Cuiabá, no dia 5 de julho de 2023. O advogado foi socorrido e submetido a uma cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos. O caso, que chocou a sociedade mato-grossense, segue sob investigação da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
A Operação Office Crimes – A Outra Face busca esclarecer os mandantes e executores do crime, com a expectativa de que a Justiça seja feita.